UM PEDAÇO DA VERDADE
Alguns demônios vigiavam de perto um homem de boas intenções quando, de repente, ele se abaixou para pegar algo no chão. Aflitos, os demônios perguntavam entre si:
- O que ele encontrou, o que ele encontrou?
- Um pedaço da verdade, respondeu um deles.
Quase todos eles ficaram muito preocupados:
- O que faremos, o que faremos?
O mais experiente deles, porém, procurava acalmá-los:
- Não faremos nada. Fiquem calmos, não há com o que se preocupar.
- Como não? Afinal, ele achou um pedaço da verdade.
- Não há com o que se preocupar, repetiu o demônio, vocês ainda não sabem o que um homem de boas intenções e apenas um pedaço da verdade pode fazer?
- Não!?
- O de sempre, respondeu ele, uma nova heresia.
USE TODA A SUA FORÇA
Um menino tentava em vão levantar uma sacola pesada demais para ele. Seu pai, ali ao seu lado, esticava o braço e abrindo a mão, dizia-lhe:
- Use toda a sua força que você consegue, meu filho.
Ele tentou mais uma ou duas vezes, sem sucesso.
E o pai falava as mesmas palavras e repetia o mesmo gesto.
- Eu não consigo, pai - desabafou o menino.
- Olhe para mim, filho, disse o homem e, mexendo os dedos e olhando para a sua mão, repetiu vagarosamente, use... toda... a... sua... força!
Só então o menino entendeu que o pai estava esticando a mão para pegar numa das alças da sacola. Ele não estava só. Seu pai estava ali ao seu lado para lhe dar uma força.
AS DUAS PULGAS
Muitas instituições caíram e caem na armadilha das mudanças drásticas de coisas que não precisam de alteração, apenas aprimoramento. O que lembra a história de duas pulgas.
Elas estavam conversando e então uma comentou com a outra:
- Sabe qual é o nosso problema? Nós não voamos, só sabemos saltar. Daí nossa chance de sobrevivência, quando somos percebidas pelo cachorro, é zero. É por isso que existem muito mais moscas do que pulgas.
E elas contrataram uma mosca como consultora, entraram num programa de reengenharia de vôo e saíram voando. Passado algum tempo, a primeira pulga falou para a outra:
- Quer saber? Voar não é o suficiente, porque ficamos grudadas ao corpo do cachorro e nosso tempo de reação é bem menor do que a velocidade da coçada dele. Temos de aprender a fazer como as abelhas, que sugam o néctar e levantam vôo rapidamente.
E elas contrataram o serviço de consultoria de uma abelha, que lhes ensinou a técnica do chega-suga-voa. Funcionou, mas não resolveu. A primeira pulga explicou por quê:
- Nossa bolsa para armazenar sangue é pequena, por isso temos de ficar muito tempo sugando. Escapar, a gente até escapa, mas não estamos nos alimentando direito. Temos de aprender como os pernilongos fazem para se alimentar com aquela rapidez.
E um pernilongo lhes prestou uma consultoria para incrementar o tamanho do abdômen. Resolvido, mas por poucos minutos. Como tinham ficado maiores, a aproximação delas era facilmente percebida pelo cachorro, e elas eram espantadas antes mesmo de pousar. Foi aí que encontraram uma saltitante pulguinha:
- Ué, vocês estão enormes! Fizeram plástica?
- Não, reengenharia. Agora somos pulgas adaptadas aos desafios do século XXI. Voamos, picamos e podemos armazenar mais alimento.
- E por que é que estão com cara de famintas?
- Isso é temporário. Já estamos fazendo consultoria com um morcego, que vai nos ensinar a técnica do radar. E você?
- Ah, eu vou bem, obrigada. Forte e sadia.
Era verdade. A pulguinha estava viçosa e bem alimentada. Mas as pulgonas não quiseram dar a pata a torcer:
- Mas você não está preocupada com o futuro? Não pensou em uma reengenharia?
- Quem disse que não? Pensei, sim! E fui conversar com a minha avó, que tinha a resposta na ponta da língua.
- E o quê ela disse?
- Não mude nada. Apenas sente no cocuruto do cachorro. É o único lugar que a pata dele não alcança.
MORAL: Você não precisa de uma reengenharia radical para ser mais eficiente. Muitas vezes, a GRANDE MUDANÇA é uma simples questão de reposicionamento.
O PASSARINHO E O MOTOQUEIRO
Um motociclista passeava com sua moto numa estrada deserta quando, inesperadamente, deu de cara com um passarinho que vinha voando em sentido contrário. Tentou esquivar-se, mas não conseguiu, e o bichinho acabou batendo de raspão no seu capacete.
Ele parou a moto e vendo que o bichinho ainda estava vivo, apesar de inconsciente, levou-o para sua casa, colocou-o numa gaiola e cuidou bem dele, pois era um veterinário muito experiente com aves.
Dois dias depois o passarinho recupera a consciência e, ao despertar, vendo-se cercado pelas grades da gaiola, pergunta para o passarinho de uma das várias gaiolas ao lado da sua:
- Onde estou?
- Você está num presídio, responde o outro, e já emenda uma pergunta: - Qual foi a sua "bronca"?
- Cara, não me lembro direito, mas acho que eu atropelei um motoqueiro!
CONEXÃO MILHO
Um fazendeiro todos os anos ganhava um Prêmio de Qualidade pelo excelente milho que colhia e levava ao festival do milho.
Um repórter decidiu fazer uma matéria sobre o assunto e acabou aprendendo algo interessante sobre o cultivo de milho.
Quando o fazendeiro lhe contou que sempre dava de sua melhor semente para seus vizinhos, ele perguntou:
- Mas, eles estão competindo com você! Porque lhes dar da sua melhor semente?
- Por causa do vento! O vento nos conecta. O vento leva o pólen de um campo a outro. Se meus vizinhos cultivam milho inferior, a polinização degradará a qualidade de meu milho. Se eu quero cultivar milho bom, eu tenho que ajudar meu vizinhos a melhorar o milho deles.